terça-feira, 24 de março de 2009

A elegância da electrónica

Há cerca de duas semanas recebi um convite para o 45º aniversário do Instituto das Novas Profissões. Por motivos de agenda não me foi possível estar presente e fiquei com pena. Para além da cortesia do INP, a convidada de honra da sessão solene foi uma senhora que tenho alguma curiosidade em conhecer, face ao trabalho que realiza e à persistência, tão necessária em Portugal. Trata-se de Elvira Fortunato, a cientista portuguesa que recebeu a maior bolsa de investigação científica europeia, o prémio do European Research Council pelo trabalho desenvolvido no desenvolvimento de transístores em novos materiais, alternativos ao silício.
Para além dos 2,5 milhões de euros do prémio que permitirá que em Portugal seja instalada uma verdadeira base de desenvolvimento dos novos materiais, a cientista patenteou uma descoberta, decorrente da sua investigação: a criação de transístores em papel. Para quem não está bem a ver o que isso pode querer dizer, basta dar uma imagem: com o desenvolvimento desta solução poderemos, por exemplo, ter imagens animadas nos nossos tradicionais jornais em papel. Entre tantas outras aplicações.
Inovação. Em português. Por portugueses.
Reconhecida internacionalmente, mas ... sem resposta da nossa comunidade empresarial.
Não tenciono entrar aqui literalmente na conversa do costume. Pois, os empresários portugueses, sem visão, que não investem, que só se queixam. Não acho nada disso. Temos, felizmente, muitos empresários que investem e que procuram soluções criativas nas mais diversas áreas.
Infelizmente aqui não foi o caso e o trabalho de Elvira Fortunato vai ser dinamizado por uma empresa brasileira, a Suzano. A investigadora ficou decepcionada e conhecendo a história é difícil que qualquer português não fique.
Há quem diga que as ideias não têm pátria, são património do Homem. É uma forma de ver as coisas ou, como se costuma dizer, por em perspectiva.

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