quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Jimmy Kimmel, conhecem? Eu também não, mas hoje já me fez ganhar o dia. por duas razões e a primeira é ter me dado o shot de energia adicional para vir até aqui escrever. Desde Março que não punha os pés - as mãos, para ser rigorosa - numa das razões mais sinceras que tenho para bater no teclado. E que é este blog.
A outra razão é bem mais interessante para quem leia do que os meus desencontros cósmicos com espaços e pessoas de que gosto. Outra história.
Voltando ao Jimmy Kimmel. Comediante e apresentador do talk show "Jimmy Kimmel Live". Na América, claro. Bom, o sr Kimmel resolveu arremessar com a proposta de um dia, hoje 17 de Novembro, para desamigar no facebook todos aqueles que não são nossos amigos realmente. Para quê? Citando o "Nós em rede" do JN: " para "proteger a natureza sagrada da amizade (...) De acordo com o Facebook, não há diferença alguma entre o teu melhor amigo - aquela pessoa que se preocupa tanto contigo que era capaz de dar um rim para salvar a tua vida - e a ex-namorada do teu antigo companheiro de quarto que está constantemente a enviar-te updates sobre a cor da sua aura".
Ya, right.
Mas, Kimmel, temos um pequeno problema. É que o Facebook hoje já é para muitos de nós o sítio onde "vivemos" para estarmos (vou poder usar uma expressão brasileira absolutamente gráfica) "antenados" com o mundo. É mesmo uma coisa de antena: o que está a acontecer, quem está a falar com quem, quem está a ir onde, quem escreveu o quê, and so on ... tudinho sem sair de casa. No Facebook, claro. Imbatível como produto de conveniência.
Mas o que mais me interessou na ideia de desamigar - e sim, dei uma volta pelos meus 515 amigos do Facebook e pelos 40 pendentes para resposta - foi pensar nos efeitos colaterais de ser amigo e, no oposto, de desamigar alguém. Continuo a saber quem são os meus 515 "amigos", sou amiga de 20, muito amiga de 10, inseparável de 5. É assim que as coisas devem ser, não tem problema. E os outros? Os outros "antenam-me" com o mundo em que escolho estar e ajudam-me a ser eficiente. Também me ajudam a ser simpática com pessoas que acho simpáticas e a ser indiferente com pessoas de quem não quero saber mais do que necessário. Alguns pendentes não quero amigar porque nem sei quem são, outros porque simplesmente não me apetece. O joystick continua a ser meu. Assim como aquilo que conto, como conto e a quem conto.
Tudo bem portanto?
Não, o Kimmel tem o seu ponto.
Estamos a criar uma nova ética de comunicação. Os profissionais facebookianos trabalham no duro no seu personal profile. Escolhem temas e comentários com a mesma lógica com que os políticos dizem aos eleitores o que querem ouvir. E, oops, todos sabemos que é assim, e todos continuamos a votar naqueles que melhor dizem o que queremos ouvir. Mesmo sabendo que não vai acontecer (34 anos de exercício cívico já chegaram para perceber, não?). E, como aliás mostrava o último estudo da Forrester Research, cada vez mais o que os outros, sejam os puros, os passivos ou os simplesmente distantes, fazem é partilhar, comentar, gostar (ou não). Muito pouca gente hoje produz conteúdo original, menos ainda aqueles que produzem bom conteúdo original e exponencialmente multiplicam-se os que partilham conteúdo de outros, tornando-o seu com uma frase sentida e próxima. Para criar "comunidade". Para competir pela página que explode - mais de 5000 amigos e há uma promoção imediata de cidadão vulgar com página no FB a estrela emergente com direito a "likes" em vez de "adds".
Os facebookianos são uma espécie de spin doctors do povo - à procura do soundbite, da melodia que se dança naquele dia.
O povo dança, Kimmel. E tem de se lhes dar mérito. Não é para todos a tarefa árdua de todos os dias vasculhar a web, os citadores, os livros do sótão (hmmmm), as frases feitas dos amigos para encontrar a que melhor se adequa aos likes and shares. É um full time job e em tempo de crise desamigar é desempregar. Temos de ser conscientes.
P.S. - Por facebookianos profissionais, como é óbvio, não incluo os verdadeiros profissionais do facebook; aqueles que realmente o tornam uma gigantesca antena e o tal imbatível produto de conveniência.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Falhar não sabe bem, mas faz melhor

J.K. Rowling Speaks at Harvard Commencement from Harvard Magazine on Vimeo.


Mais de um mês sem escrever neste espaço parece-me não só uma falha a resolver com urgência, como me desperta para a enorme falta que este "filtro" do mundo me fez.O Videonomics aconteceu primeiro aqui, porque era urgente pra mim ter um espaço onde pudesse partilhar ideias, pessoas, ousadias. Hoje já temos um site, brevemente estaremos em rede com um público naturalmente "apetente" por estes temas, mas este é um ponto de paragem e de reflexão obrigatório-
Por isso, sinto que de alguma forma falhei ao deixar que passassem várias semanas sem publicar, mesmo que tenham existido os motivos mais válidos ( e existiram).
Por isso, neste reencontro, tive a felicidade de dar de caras com uma senhora bem conhecida, a autora de Harry Potter, ainda por cima a falar aos recém-licenciados de Harvard da importância de falharmos e de como isso nos ajuda a crescer e a ser melhores.
Citando uma frase que tanto gosto de Saramago, as árvores, tal como as pessoas, crescem melhor à sombra.
Vejam, partilhem e, se quiserem, leiam na íntegra em: http://harvardmagazine.com/commencement/the-fringe-benefits-failure-the-importance-imagination
E obrigada a quem por aqui sempre passa.