segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

O juramento de Hipócrates dos CEOs

A ética é um tema obrigatório nos negócios. O tema entrou na agenda das conferências, nos statements institucionais das empresas e nos curriculos das escolas de gestão. E tudo isto aconteceu na mesmíssima década em que empresas e gestores se precipitavam aceleradamente para o abismo em que o mundo caiu no segundo semestre de 2008.
Não faltou quem alertasse e menos ainda, como é normal, quem dissesse "eu bem avisei". Mas claro que quando o facto de os bónus dos gestores serem indexados à conquista de resultados por eles próprios fixados se tornou tema de debate público ficou também à vista de todos a fragilidade da auto-regulação, ou se quisermos, da ética corporativa.
A mesma ética que fazia bocejar em conferências organizadas para cumprir calendário ou para fazer jus às boas intenções de alguns de súbito invadiu a vida de todos nós.
Há ética quando se despede porque se está a ganhar menos dinheiro, mesmo que se continue a lucrar muito dinheiro? Os CEOs deveriam ter uma ética idêntica à de médicos e advogados, cuja infracção incorre em verdadeiras penalizações? Do no harm - não fazer mal deverá ser o postulado que orienta a actividade de um gestor?
São todas estas questões que pode ver neste vídeo vencedor em Davos. Sim, também Davos se rendeu á comunicação em vídeo e disponibilizou, pela primeira vez, um canal no YouTube.
Também um bom pretexto para falar de Bernard Lonergan, muitas vezes referido como o mais importante pensador filosófico do século XX e tema de um ciclo de conferências iniciado a 14 de Fevereiro na Universidade Católica. Lonergan foca-se no papel social das empresas que, na sua perspectiva, ultrapassa a mera dimensão do empresário, ou se quisermos do capitalista.
Ganhar dinheiro não fazendo o mal é possível? Todos nós, que vivemos as estórias do dia a dia dos negócios, queremos mais do que nunca acreditar que sim. E é bem mais do que as terminologias chiques que algumas cabeças bem pensantes confundem ou fazem confundir com realmente fazer bem ... ganhando dinheiro sem prejudicar terceiros.

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