segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Bill Gates tem um novo bug




Bill Gates dispensa apresentações. Durante os primeiros 50 anos da sua vida, alterou de forma concreta e definitiva o mundo em que vivemos ao criar a Microsoft. Por essa via, realizou o sonho de todos os seres humanos poderem realizar o seu potencial com a ajuda da ciência da computação. A empresa cresceu, os utilizadores multiplicaram-se o seu potencial também. Rico entre os mais ricos, Gates considerou cumprida a sua etapa de vida dedicada ao mundo dos negócios. E, ao abandonar a liderança da Microsoft para se dedicar à fundação que gere com a sua mulher, definiu um novo objectivo na sua vida associado à filantropia. A ciência do bem, se quisermos.
À conferência anual do TED - Technology, Entertainment and Design levou a sua prioridade actual: o combate à malária. Tranquilo, Gates explicou que é um optimista e que vê sinais para estar optimista - a esperança de vida aumenta e a mortalidade infantil tem vindo a reduzir-se de forma progressiva e acentuada. Ainda assim, afirmou, algumas doenças, onde se destaca a malária, permanecem um mal maior na metade sul do mundo, com destaque para as regiões mais pobres.
E, sem alterar nem a voz, nem o porte, avançou para uma pequena campânula de vidro e exibiu à assistência a origem do mal de que falava: mosquitos. "Não é justo que só os pobres convivam com eles", assinalou sorrindo perante a estupecção de uma audiência ainda não refeita.
Os jornais descreveram a sua acção como "making a point". Numa era em que todos sabemos o que está mal, o problema parece efectivamente, mais do que nunca, acordar dessa letargia que nos faz olhar para a morte de milhões de crianças e adultos com a mesma excitação com que ouvimos falar de uma nova versão do Windows ou do Vista (é melhor corrigir, porque certamente para muitos as notícias do mercado são certamente mais excitantes).
Uma música que passa insistentemente na rádio confronta-nos com a nossa natureza. Are we humans? Or are we dancers?
Dancers, we would say. Numa coreografia sem sentido que só nós mesmos podemos mudar.Para que não dancemos como mosquitos- letais e às cegas.

Sem comentários: