sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Steve Chu, um Nobel na Casa Branca - luz ao fundo do túnel?




Barack Obama anunciou ontem a sua escolha para uma das pastas mais sensíveis. Steve Chu, cientista laureado com o Nobel da Física, director do Lawerence Berkeley National Laboratory, professor de Física Molecular e Biologia Celular na Univsreidade da California, é o escolhido.Chu tem um vasto curriculo académico, esteve em Stanford antes de Berkeley, e é uma das vozes respeitadas e ouvidas em matéria de energias renováveis.
O modelo energético, a dependência do petróleo e as alterações climáticas entraram de forma incontornável na agenda de todos e a América de Obama será forçosamente diferente da América de Bush também nestas matérias. Não apenas porque os presidentes são diferentes, mas porque o mundo está diferente. O problema é, todavia, bem mais complexo do que no tempo em que os Estados Unidos eram inequivocamente o eixo da economia mundial. Hoje, na Índia e na China, existem mais de 2 mil milhões de consumidores cujo padrão de vida é alimentado por um elevado consumo energético. No caso da China, mais em particular, o recurso a fontes poluentes, mesmo aquelas que o Ocidente já deixou para trás ou que usa de forma controlada, como o carvão é uma realidade. E é uma realidade entendida por muitos como natural. Parte do progresso, defendem. Outros vão mais longe e falam mesmo do "direito" da China a poluir, o "direito" de também errar. Afinal, durante décadas a fio, a China rural também respirou no mesmo mundo que o Ocidente poluia como parte do seu "direito" ao desenvolvimento. Argumentos, no mínimo, estranhos atendendo a que ignorância não pode ser confundida com inocência. E, nos dias de hoje, já só é ignorante sobre as consequências das opções poluentes quem quiser. Nunca tantos cientistas, investigadores, técnicos se focaram, como actualmente, na procura e no estudo de melhores energias. E nunca foi tão necessário tomar opções nesta matéria. Na conferência do World Affairs Council of Northern California, em 2007, que este vídeo retrata, Chu apresentava, entre outros, um número que dá que pensar: em pleno século XXI, ainda existem 1,6 a 1,7 mil milhões de pessoas que vivem sem electricidade. Com as óbvias consequências de (não) desenvolvimento. Mas também colocando outras questões: o que fazer para e o que fazer depois de mais 1,6 a 1,7 mil milhões de pessoas estarem no padrão de consumo energético ocidental?
Por todas estas razões, Steve Chu é uma esperança para muitos ao ser nomeado para a condução da política energética da ainda maior potência mundial. O desempenho das mentes brilhantes - cientistas, investigadores, professores - na política é matéria para outra análise. Tem sido difícil, desde o princípio dos tempos, encontrar o ponto certo de intersecção entre a ciência, o saber e a política.

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