segunda-feira, 11 de maio de 2009

É mais fácil manter o carácter do que recuperá-lo

Ética é uma palavra essencial. Não apenas para os negócios, não apenas para as empresas ou para os gestores. Essencial para todas as dimensões que envolvem a condição humana.
O filme "The International" em exibição nos nossos cinemas traça uma história de crime organizado à escala global. Muitos verão o filme e pensarão que são "coisas que acontecem lá fora". Não sendo propósito discutir, não neste post, se a corrupção e a intimidação mudam de nome por serem maiores ou mais pequenas, há um sentimento de impunidade que nos incomoda a todos.

Como eram todos eles nos bancos da escola? Estas pessoas que em pequena ou grande escala manipulam interesses e condicionam efectivamente uma imensa maioria. Todos chamaram pela mãe a meio da noite e levaram reguadas da professora? O que condicionou crianças a tornarem-se adultos cegos por poder e controlo?

A verdade que podemos mais temer é que todos nós podemos ser esses pequenos homens e mulheres que tanto odiamos quando vimos na tela. É o poder que nos molda ou somos nós que lhe ditamos uma natureza? O dinheiro, é sabido, é um bom servo e um mau senhor, mas onde pára a legítima ambição e começa a cegueira impune?

Quando o leão mata, o chacal é quem lucra. A frase é de uma crueza notável e certeira. É que o leão mata para viver, para alimentar os seus, para, de acordo com a sua natureza, manter a sustentabilidade do seu clã. A matança é legitimada assim. O chacal espera e deleita-se.

Ética é cultura. É conhecimento do bem e opção deliberada. temos de ser cultos se queremos ser livres. A virtude é uma palavra fora-de-moda, mas cheia de humanidade. Na prática, importa a vontade para fazer bem e a competência para fazer bem. E, não é prémio de consolo, tenhamos pena daqueles que não dominam esse conceito. E, por via das dúvidas, levemos a sério as palavras de um dos personagens do The International: é mais fácil m,anter o carácter do que recuperá-lo.

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