terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Pode repetir?



Barack Obama tomou posse e no mesmo minuto que se despediu dos convidados do almoço no Capitólio iniciou, sem concessões nem vésperas, um dos mandatos mais duros de um presidente dos Estados Unidos da América. Alguns comentadores falaram de um discurso de tomada de posse "sem nada de novo". Com todas as facturas a cobrar ou a pagar que terá doravante na secretária, "nada de novo" é uma expressão que dificilmente se aplica a Obama. Ainda antes do discurso, o momento do juramento foi algo de novo. Milhões no mundo inteiro viram um homem que sorria e que estava, por baixo do sorriso tranquilo a que habituou o mundo, ansioso, polarizado, momentaneamente distraído. Um homem e não um super-herói ou um estadista encorpado e impenetrável que, nessa sua condição, se mostrou incapaz de repetir as palavras que o mestre da cerimónia lhe repetira no segundo anterior. Quase de diria que Obama estava, nesse mesmo segundo, a ver a sua vida, passada, presente, futura, a passar-lhe em rápido, rápido. Não tão rápido que lje permitisse ouvir em simultâneo as palavras solenes que deveria repetir e, assim, com o mesmo ar com que conquistou o "good will" de 80% dos americanos, o presidente-em-posse sorriu, baixou ligeiramente a cabeça e pediu ajuda ... um inaudível "pode repetir" ecoou mundo fora e mostrou o presidente naquela que promete, por ventura, ser a faceta mais diferenciadora desta nova política. Humanidade.

Depois, através de uma viagem às origens e um regresso ao futuro, Obama introduziu uma palavra tantas vezes esquecida, sobretudo entre políticos: responsabilidade colectiva nas escolhas, boas ou más, que fazemos.

E, fiel às citações dos Founding Fathers que tanto aprecia, recordou Jefferson e a Declaração da Independência:
"We remain a young nation, but in the words of Scripture, the time has come to set aside childish things. The time has come to reaffirm our enduring spirit; to choose our better history; to carry forward that precious gift, that noble idea, passed on from generation to generation: the God-given promise that all are equal, all are free, and all deserve a chance to pursue their full measure of happiness."

A busca da felicidade. É mais que gerar riqueza, é mais que deter o poder, é muito mais que mera prosperidade e desenvolvimento. Mas exige um esforçado de trabalho de casa a um povo que educa os seu filhos pela máxima que só há lugar para os primeiros e para os bem-sucedidos.

Hoje também todos fomos americanos, pelo menos na esperança que este possa ser o ponto de partida para uma nova era em que tenhamos a possibilidade de procurar a nossa própria medida de felicidade.

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