sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Despair.com - O humor que salva do desespero

Lucy Kellaway é colunista do Financial Times e escreve sobre temas que dizem respeito à vida de todos. A universalidade da gestão, uma das premissas que privilegiamos na abordagem do Videonomics, é trocada por miúdos nas suas crónicas e no seu blog. Lucy recebe estórias da vida de gestores, chefes de projecto, jovens estagiários, secretárias e pessoas de todo o tipo de organizações e sectores. As questões são de uma diversidade ilustrativa. Há quem se queixe do chefe, há quem se queixe da equipa, há quem lamente decisões dos accionistas, há dúvidas sobre protocolo de negócios, há indecisões sobre matéria de ética. E há quem escreva sobre chá e bolinhos. No mais recente post colocado no seu blog, Lucy Kellaway é confrontada com o desânimo de um gestor de 42 anos que, compelido a reduzir custos, decidiu cortar nos lanches gratuitos nas reuniões semanais. Como se diria em Portugal, caiu o Carmo e a Trindade. A equipa queixa-se que "assim não há moral" e a maioria dos leitores do blog não poupa a decisão do gestor. Não se trata da defesa incondicional do direito britânico ao chá com bolinhos. Nada disso. Na maior parte dos casos, é antes um elogio da gestão pragmática: "despeça logo uma das pessoas e fica com orçamento para chás e bolos durante 3 anos", escreve uma das pessoas. Mas também há quem veja do outro lado. "Oh my God. People really are losers. Complaining about the demise of office coffee? Some of us have real problems out here in the urban jungle", escreve um leitor de 39 anos. É banqueiro, o que, nos tempos que correm, ajuda a perceber o tom.
A terapia dos bolinhos, chocolates e rebuçados é largamente reconhecida nas organizações. Não só nas salas de reuniões, mas também no front office, seja o balcão do banco ou seja na caixa da loja quando vamos pagar a conta. É um sinal social, uma predisposição para o conforto ou até um consolo. Mas funciona e daí que a equipa do gestor em apuros fale da quebra na moral. Até que ponto os tempos estranhos que vivemos nos levam a estas fronteiras: cortar no chá de todos ou no emprego de alguns? Ficamos sem saber se essa é a opção, mas a discussão não é menos fértil por causa disso.
Voltaremos a ela, certamente. Para já, ficamos com o vídeo imperdível da Despair.com (cuja estória vale por si mesmo um espaço com destaque no Videonomics).
Tema? As queixas dos empregados, claro!

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